Podemos
dizer que estresse pós-traumático não seja exatamente motivo
suficiente para denominar a loucura, porém misturando-o com
transtorno de personalidade borderline e indícios de psicose talvez
eu possa sim, me sentir suficientemente louca.
Nas
noites que não durmo os delírios e alucinações são até
controláveis, a insana vontade de ver sangue acaba persuadida com as
imagens falantes sem descrição que saem da minha boca ao soprar a
fumaça do cigarro. Chifres, dentes pontiagudos, aranhas... eu odeio
aranhas. Eventualmente tudo cessa a partir de um período, afinal, as
obrigações chamam. Alguns dos personagens da minha mente se recusam
a partir, mas isto não é problema... eles se sentam a mesa como
se fossem convidados
e a
partir de um certo momento
ameaçam mastigar a cabeça do meu marido enquanto ele bebe o
terceiro copo de café bem cheio, e eu... bom, eu permaneço quieta
fingindo prestar atenção quando ele diz: "Mais uma noite sem
dormir amor, estou começando a ficar realmente preocupado com
você!", mal ele sabe que meus olhos estavam focados na língua
áspera de uma espécie de bode que encharcava-o de uma gosma preta.
Ele me beija e me desperta daquela visão. Foram embora... ou talvez
tenham entrado nele.