quarta-feira, 17 de julho de 2013

Retalhos de Loucura - 2º Retalho - Chifres, dentes pontiagudos, aranhas

Podemos dizer que estresse pós-traumático não seja exatamente motivo suficiente para denominar a loucura, porém misturando-o com transtorno de personalidade borderline e indícios de psicose talvez eu possa sim, me sentir suficientemente louca.
Nas noites que não durmo os delírios e alucinações são até controláveis, a insana vontade de ver sangue acaba persuadida com as imagens falantes sem descrição que saem da minha boca ao soprar a fumaça do cigarro. Chifres, dentes pontiagudos, aranhas... eu odeio aranhas. Eventualmente tudo cessa a partir de um período, afinal, as obrigações chamam. Alguns dos personagens da minha mente se recusam a partir, mas isto não é problema... eles se sentam a mesa como se fossem convidados e a partir de um certo momento ameaçam mastigar a cabeça do meu marido enquanto ele bebe o terceiro copo de café bem cheio, e eu... bom, eu permaneço quieta fingindo prestar atenção quando ele diz: "Mais uma noite sem dormir amor, estou começando a ficar realmente preocupado com você!", mal ele sabe que meus olhos estavam focados na língua áspera de uma espécie de bode que encharcava-o de uma gosma preta. Ele me beija e me desperta daquela visão. Foram embora... ou talvez tenham entrado nele. 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Retalhos de Loucura - 1º Retalho - Introdução

Mudanças repentinas sempre me deixaram assustada, tanto que eu sempre me mantinha com as mesmas perspectivas, as mesmas noções de tudo... sempre. Mas é como se fosse uma sina, quanto mais se teme algo, mais aquilo te persegue. Minha vida mudou do dia pra noite e da água pro vinho... um vinho forte, porém doce, um vinho que tem nome, sobrenome e se tornou tudo o que faz a minha humilde vidinha ter algum sentido. No porta-malas veio o que a psicologa chama de estresse pós-traumático, e eu... chamo de loucura. Ver rostos, ouvir vozes, não conseguir dormir, querer ver o sangue correr de suas veias sem nem sequer compreender o porque. Brigar, brigar, chorar, chorar... não conseguir controlar à si é algo realmente perturbável, e em meio à essa perturbação eu me perco, uma escuridão inenarrável toma conta de tudo que um dia veio a ser eu... sinto um cheiro de álcool se aproximando, a loucura se esvai por alguns minutos, e durante esse tempo eu sou sua e você é meu.